sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SORRIR


Primeiro dia de aula. estudar é maravilhoso! É isso que dizemos aos filhos quando estão em idade de frequentar a escola.
Enquanto ia à escola, a criança em seu primeiro dia de aula, perguntando:
_ Mãe, a professora é “legal”?
_ É, filho, ela é muito “legal”, é maravilhosa!.
_ Mãe, vamos voltar outro dia, eu não conheço a “tia”...
_ Não, vamos lá ver a professora, ela sabe contar histórias, cantar, brincar e te ensinará muitas coisas.
_ Hamm... Como é o nome dela?
_ Ainda não sei, mas tenho certeza que ela é ótima.
_ Mãe!
_ Há menino, pare de perguntar.
Entra na escola, lá no canto de uma sala a professora sentada numa cadeira, frente a um velha mesa, via-se que fora envernizada um dia, mas seu estado atual é bem desgastado. Olha as paredes e, observa que um dia fora desenhado algo bem bonito nelas, algum desenho infantil, talvez um bosque, com um lobo e a chapeuzinho. Observa também que depois de algum tempo o desenho desbotou, perdeu a graça e a professora colou alguma coisa por cima, talvez cartazes com números, letras e atividades realizadas com os alunos no ano anterior.
No outro canto da sala observa que um armário já bem velho, improvisado, feito de tábuas de forrar o teto de uma casa, talvez um funcionário da escola tenha o feito para serviria para guardar os materiais da professora.
Fica observando que a mestre, muito primorosa, tentava encapar o armário para que conseguisse dele uma aparência normal, melhor, disfarçar a velhice.
Fiquei pensando naquele momento, enquanto aguardava outros pais conversarem com a professora; Onde estariam os responsáveis por aquele descaso? Era desanimador permitir que crianças chegassem pela primeira vez à escola e se deparassem com aquele armário que parecia um grande escombro. Era feio de ver.
Certamente os filhos dos governantes não estudam ali. Paramos pra ver aquilo que pode interferir na nossa vida ou na vida de nossos filhos.
Pensa e observa tudo enquanto aguarda a professora, rodeada de pais e alunos. A mãe pensa que aquela imagem, era a imagem que meu filho teria pela vida, da sua primeira escola, da sua experiência com a educação sistemática. Aquela seria a primeira lembrança de uma escola, do dia em que foi conhecer as letras. A lembrança que deveria ser tão terna, era decepcionante.
A criança fica ali, de tudo que viu uma é a mais importante: a professora. Por uns instantes a passa a comparar os novos materiais que trazia nas mãos com o que os novos coleguinhas traziam. Materiais comprados com sacrifício e dificuldade pela maioria. Mas para as crianças o importante é verificar quem trouxe o que consideram – bonito.
A professora chama enfim o nome dele, confere os materiais e diz: “amanhã ele volta”, em seguida chama outro nome de aluno.
No caminho de volta pergunta-se:
- E então, gostou da nova professora?
- É...[um espaço de tempo passa, a criança fica pensativa] não sei, ela nem sorriu pra mim.

Erika Candida Rosa
Ariquemes 01/02/2009

APERTEM AS MÃOS



Política é uma vida difícil. Para os políticos ou para os cidadão votantes. Para ambos. O candidato precisa estar sempre de bem com a vida. SORRINDO. Nunca pode dizer NÃO. Nunca fica doente, nunca sente dor, muito menos fome ou sede. MEMÓRIA pra lembrar-se do nome de todos os eleitores, afinal todos somos importantes e únicos no mundo e devem ser lembrados. Concordo embora não faça essa exigência.
Na verdade parece com muitas profissões: Médico, polícia, padre, pastor…por razões óbvias (são endeusados – não sentem – apenas cuidam de nós – ao menos deveria ser - não são muito humanos – talvez não sejam mesmo).
O eleitor então tem a vida mais difícil ainda. A maioria não tem comida, médico, uma polícia, um padre ou pastor que cuide bem deles – que dirá bens de consumo como: roupas decentes, recursos tecnológicos – estudo formal que ensine-o a se defender das adversidades da vida.
É a expressão popular: “Tá ruim? Tem um pior que você.”
Numa noite pode-se cumprimentar centenas de pessoas, num aceno que pode atingir milhares, com aperto de mãos, abraço e tapinhas nas costas. É como se a cada aperto de mão uma mensagem fosse incutida:
          - Me ajude. Diz o candidato. 
          - Me ajude também. Diz o eleitor. 
          - Preciso de você para que possa realizar seus sonhos.
          - Quem não precisa. 
          - Sem seu apoio não posso representar você! 
          Me dê a mão e me dê também sua força, disposição, coragem, apoio e JUNTOS chegaremos lá! Chegar onde mesmo? Cada um tem seu sonho e acredita que está convencendo o próximo a irem juntos. Difícil é o sonho ser o mesmo. Uma coisa acontece muito, um dos dois elos da corrente pode abandonar o trato imaginário a qualquer momento, basta uma indisposição qualquer. Basta que outra pessoa ofereça uma oportunidade melhor. Então o primeiro passo para se comprometer com alguém é conhecer sua índole e procedência – CONHECENDO o outro, um elo de amizade e admiração pode se estabelecer, assim se pode de fato avaliar o quanto vale o compromisso que se tem com as coisas corretas – com o bigode.
          Se realmente cada aperto de mão fosse um compromisso de eleitor e candidato, seria uma enorme corrente que poderia fazer grandes transformações: LENDO
          Temo que a maioria que recebe o aperto de mão não leia tudo o que precisam sobre os candidatos. Falta letramento, malícia política, interpretação de leis, TEMPO, dinheiro, acesso, comida do fortalecimento corpóreo e mental.
          Investir em EDUCAÇÃO para a vida. Educação Transformadora.
          Suspiro.
          Profundo suspiro. Quero demais!
          Suspiro por este mundo melhorar pra todos, o que inclui dividir um pouco do que tenho. DIVIDIR? Ninguém quer dividir, provavelmente CONSUMIR.
           Quando um candidato aperta minha mão – penso imediatamente naquilo que posso consumir daquela aproximação.
Pensamos muito em nós mesmos, nas diversas formas e garantirmos nosso futuro e da nossa família. Mas não compreendemos que deste pensamento também contribuímos para que as coisas continuem como estão.
            APERTEMOS AS MÃOS para sentir a realidade do próximo – não com cunho meramente socialista, onde um pai divide o que tem em casa em partes iguais para todos os filhos.
           Apertem-se as mãos e leiam se aquela pessoa pode realmente representar não os seus anseios e necessidades, mas a necessidade coletiva.
          É isso que um educador deveria saber tão bem. OLHAR. EXAMINAR. LER. ENTENDER. REPASSAR e DESPERTAR.
           Todos nós precisamos ser POLÍTIOS, ler – olhar – examinar – entender – repassar – despertar para o que seja político. Não podemos avaliar com lucidez aquilo que não se conhece. É possível sim examinar algo ou assunto sem se contaminar. É preciso avaliar verdadeiramente considerando as inúmeras possibilidades em se apertar as mãos dos desconhecidos.
           Apertem as mãos!

Ariquemes 04 de julho de 2010.
Erika Candida Rosa

NECESSIDADES


          Estava em uma reunião com todos os componentes de uma equipe que tem a função de resolver e definir coisas inteligentes da vida de muitas pessoas. Como em geral o tema central da reunião se desvirtuou e em um dado momento percebi que uma das colegas estava falando sobre: Ir ao banheiro – a conversa chegou neste texto por tratarmos do assunto traumas da infânci. Então a colega dizia que ao ir ao banheiro, aproveitava pra ler tudo aquilo que precisamos ler e nunca conseguimos. Todo mundo deveria ler muito. Pedagogo então? Então uma outra colega falou que não conseguia misturar os dois afazeres – as necessidades fisiológicas e o ato de ler. Achei interessante a observação da colega que dizia:
_ Há eu leio com facilidade, faço minhas necessidades, dou descarga, leio mais um pouquinho, faço mais um pouquinho, dou descarga.
Como diz o dr. Fernando Valério: “Sabidamente muitas pessoas têm o péssimo hábito de ler no banheiro. Atualmente, isto ficou ainda mais evidente, já que a portabilidade de celulares potentes e netbooks tornou o antigo toalete em um verdadeiro escritório.” Por um momento pensei que ela poderia na verdade estar dando descarga em tudo o que lia, ler e jogar fora, claro que poderia estar aproveitando poucas as suas leituras. Como se concentrar nas teorias de Piaget naquelas condições. Enfim conclui que a reunião estava perdida.
          Misturar as coisas é falta de organização. Uma reunião deve ser objetiva, traçadas com pontos fundamentais do que se almeja atingir.
Embora o mundo atual tenha hoje uma exigência realmente grande em relação a tudo que se precisar aprender e dar conta de fazer, para sermos eficientes. O problema é sabermos administrar tudo isso. Acredito que esta colega tenha pouco tempo pra conversar com a família e pouco tempo de lazer, então nos entremeios faz outras coisas como esquecer a pauta da reunião para conversar sobre as fisiologias pessoais ou ler em momentos desconcentrantes.
           Temas de grande interesse profissional requer local adequado, tempo disponibilizado e programado, anotações e registros para que posteriormente se possa usar adequadamente, numa reunião por exemplo.
           É tão comum nessas reuniões as pessoas se dispersarem. Fica implícito que como nunca se tem tempo para conversas corriqueiras, se aproveita estes momentos para fazê-las. Às vezes na tentativa de serem melhor, de entender de todos os tema atuais, assumem tantas tarefas que precisam dividir o tempo das suas necessidades pessoais com as necessidades circunstanciais. Filhos, maridos e esposas, pais e mães, descansar, fazer as refeições com tranquilidade, são tantas atividades naturais hoje que sobrecarregam as pessoas.
           Uma reunião não deve ser tão séria que nunca se possa brincar ou contar uma piada, a questão é não deixar o tema fugir demais e perder o foco. Mantendo o tema, se otimiza o tempo, e dá a possibilidade de poder realizar as outras inúmeras atividades melhor, sem atropelos.
           Depois, o verdadeiro motivo das pessoas estarem no mundo é tão somente para serem humanos.

Erika Candida Rosa
14/06/2009