sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO NO CAMPO


Educar no campo é fácil, transfere-se todos os procedimentos e técnicas usados no ensino regular e leva pra uma escola lá no campo. Leva-se os livros, os conteúdos prontos, a  metodologia, o currículo e joga tudo no ar. Tudo aquilo que foi planejado para os alunos urbanos com suas vidas tão diversa, modificada, dissemelhante, inexacta, mudada e derrama sobre crianças e jovens que deverão assimilar todo um conhecimento que não lhes é inerente.
Educar para o aluno do campo não é de forma alguma minimizar o estudo para um grupo de pessoas menos favorecidas. Não é só ensinar a ler o básico, a escrever mais basico ainda e calcular um mínimo para saber pagar o mercadinho e receber o troco certo.
Educar o aluno do campo não é ficar dizendo a ele que  precisa estudar para não passar o resto da vida "no cabo da enxada", pois isso é a vida dele, foi assim que sua família sobreviveu, isso é o que ele tem.
Educar para o aluno do campo é estabelecer um elo entre o conteúdo curricular e as ferramentas que ele precisa para criar autonomia na sua própria terra. É mostrar os caminhos para que ele possa melhorar a qualidade de vida em seu habitat natural, ou no lugar onde escolheu para viver, no lugar onde a vida o colocou.
É promover pesquisas sobre as pragas das roças, sobre meios de irrigação, sobre como remanejar a plantação na terra cansada.
É se apropriar tanto da leitura que possa fazer uma faculdade onde se especialize "nas coisas da roça" para facilitar sua vida e de seus familiares, para promover a prosperidade do lugar onde vive. Entrar no mundo das letras tanto que possa entender como funciona um financiamento, como pesquisar a melhor cultura para sua região, qual o tipo de mercado para os produtos que cultivar, qual o melhor comprador a ofertar.
Penso que a matemática da educação para o aluno do campo deve começar no meio do pasto, fazendo a cubicagem das áreas e calculando quantos bois podem ser criados em determinado espaço, depois se leva todos esses números pra sala de aula e compara com os números divulgados nos sites da Internet para uma compreensão exata das semelhanças e diferenças dos números.
Educar para o campo é entender um plano de manejo, como alternativa de sobrevivência ambiental, como renda programada e fonte de vida.
É ver o filho explicando ao velho pai que na aula de ciências aprendeu que há alternativas para plantar com sementes geneticamente modificadas, ou com o desenvolvimento de culturas completamente naturais.
O aluno precisa saber dos adubos alternativos, quais são os peixes que crescem rapidamente, qual é o economicamente viável para criar em tanques e represas, como plantar uma boa horta e sobreviver melhor.
Precisa ser respeitado como cidadão do mundo, que domina os relevos das suas terras e sabe pra onde o levarão os vales que cortam as colinas do seu lugar.

Assim me contou uma professora....

erika_rosa
Ariquemes 10/02/2011

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